Na etapa de
determinação de orçamentos para um projeto BIM as estimativas serão progressivamente refinadas
conforme o ciclo de vida do projeto avança. Segundo BARBOSA, C. (2014, p.89) “o
grau de definição está diretamente relacionado ao nível de definição do
projeto, o qual é mensurado por meio da porcentagem de conclusão ou progresso
físico. À medida que o projeto progride no seu ciclo de vida, seu nível de
definição aumenta e o intervalo de variação se torna mais estreito, ou seja, o
grau de precisão do projeto tende à melhorar”.
A questão da
confiabilidade está empírica durante o ciclo de vida do projeto e pode afetar
no orçamento como um todo. Segundo EASTMAN (2013, p.97) “a confiabilidade das
estimativas de custo é influenciada por vários fatores, incluindo condições de
mercado que variam ao longo do tempo, tempo decorrido entre a estimativa e a
execução, modificações nos projetos e questões relativas à qualidade.”
Segundo
BARBOSA, C. (2014, p.95) “o orçamento total de um projeto, na visão da
organização executora, inclui as reservas gerenciais e de contingências. As
reservas representam os fundos destinados a responder aos riscos (ameaças ou
oportunidades) que podem interferir no atingimento dos objetivos do projeto.”
Continuando, “as reservas gerenciais são destinadas a cobrir os riscos
desconhecidos” enquanto que “as reservas de contingência são utilizadas para
respostas aos riscos identificados e planejados”. (BARBOSA, C. 2014, p.95)
Fig.1 – Quadro
mostrando componentes proporcionais de orçamento versus quantia total. FONTE:
PMBok, 2013.
Com maior
engajamento, intuitividade e migração dos profissionais à determinadas
tecnologias assim como processos e assertividade de requisitos extraídos do
modelo, a reserva de contingência que é usada como respostas aos riscos
conhecidos se torna significativamente menor, podendo a mesma ser aplicada à
gerenciamento de controle, mudanças técnicas,
físicas e financeiras de projetos além da recapacitação de profissionais
ou novas contratações em função da desmobilização dos mesmos como no exemplo de
uma implantação terceirizada do modelo processual dentro das organizações.
Na ótica
interna, se incluiria à revisões de projetos em qualquer fase, riscos
operacionais como alta complexidade na sequência de atividades, múltiplas
organizações, dependências em termos de aquisições com o BIM já implantado.
A partir do
nível de precisão do BIM e melhor atribuição de responsabilidades entre os
participantes do projeto também há a prevenção e mitigação de riscos de
litígios como “projetistas questionando modificações solicitadas pelo
proprietário, proprietários afirmando que os projetistas não atenderam aos
requisitos contratuais, e empreiteiros questionando a respeito do escopo do
trabalho, falta de informações ou documentação projetual imprecisa.” (EASTMAN
2013, pág. 103)
Gráfico 1 –
Gráfico mostrando os limites superior e inferior de contingências adicionadas
pelos proprietários às estimativas de custos durante diferentes fases do
projeto e mudança com o BIM. FONTE: EASTMAN, 2013
EASTMAN (2013,
p.100) diz que, “estimativas precisas podem ser altamente valiosas nas fases
iniciais do projeto, particularmente na avaliação do fluxo de caixa previsto e
na busca de financiamento”.
Conforme aborda
BARBOSA, C. (2014, p.98) “a necessidade de financiamento pode ser definida em
função do orçamento-base e do fluxo de caixa esperado do projeto, dependendo da
política de endividamento da organização. Normalmente as parcelas do
financiamento são liberadas em etapas, vinculadas à realização dos componentes
da EAP.”
Ainda nesta
linha, EASTMAN (2013, p.100) diz que “tanto proprietários quanto orçamentistas
batalham para responder às modificações nos projetos e nos requisitos, e
compreendem o impacto dessas mudanças no orçamento geral e estimativas do
empreendimento. Ao associar o modelo projetado aos processos de estimativa, a
equipe de projeto pode acelerar os quantitativos de orçamentação geral e obter
realimentação mais rápida sobre modificações propostas.”
Fig.2 – Linha
de base de custos, gastos e requisitos de recursos financeiros. FONTE: PMBok,
2013.
Com isso, o BIM
se torna importante uma vez que é possível obter informações mais precisas
sobre limite de financiamento que será usado durante todo o projeto,
possibilitando muitas vezes a viabilização do mesmo e podendo se tornar algo
benéfico no ponto de vista estratégico de determinada organização.
Com as
estimativas sendo fundamentais nas fases iniciais do projeto aliado à
facilidade manipulável e compreensível do modelo isso promoverá maior
capacidade de influência sobre os custos na etapa de planejamento.
Fig.3 – Nível
de influência sobre o custo versus o tempo de projeto. FONTE: EASTMAN, 2013.
A linha base dos dois gráficos se
coincidem porque, segundo BARBOSA, C. (2014, p.99) além de representar valores
cumulativos desembolsados para despesas durante o desenvolvimento, “no início e
no fim do projeto, os custos são menores do que na fase intermediária, quando
mais recursos são utilizados para a execução das atividades”, dando a forma de
uma curva S.
Ainda na mesma linha, segundo
EASTMAN (2013, p.99) “o uso atual do BIM normalmente é limitado às últimas
fases da concepção e do detalhamento e às fases iniciais da construção”
condizendo com o que é apresentado no gráfico, tendência sobre melhorias do uso
do BIM que será discutido no capítulo à respeito dos resultados encontrados.
Sobre as fases
iniciais temos o escopo que determinará quais atividades serão realizadas a
partir dos pacotes de trabalhos planejados na EAP, para então estimar custos e
assim posteriormente definir os períodos de execução das mesmas e suas
interdependências pois algumas devem acontecer rigorosamente após as outras,
enquanto outras podem ocorrer concomitantemente.
Referências bibliográficas
Referências bibliográficas
EASTMAN,
Chuck et al. Manual de BIM: Um Guia de
Modelagem da Informação da Construção para Arquitetos, Engenheiros, Gerentes,
Construtores e Incorporadores. Bookman, 2013. 483p.
BARBOSA,
C., Do NASCIMENTO C.A.D., ABDOLLAHYAN F., PONTES R.M., Gerenciamento de custos em projetos, 5.ed., Rio de Janeiro, Editora
FGV,2014.
PROJECT
MANAGEMENT INSTITUTE (USA). Um Guia de
Conhecimento em Gerenciamento de Projetos: Guia PMBOK. 5 ed. Pennsylvania.
2013. 567p.
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