Resumo do 6° Seminário ERA BIM - São Paulo (ênfase em BIM Infraestrutural)

Estive no 6º seminário internacional de ERA BIM realizado pela SINANECO com apoio da faculdade de arquitetura e urbanismo da Mackenzie em São Paulo entre dias 21 e 23 de Novembro.

Foi um evento repleto de informações para atualização dos profissionais da área de engenharia e arquitetura, incluindo os processos gerenciais adotados em conceituadas empresas, sejam elas públicas ou privadas, abordando padrões de códigos, manuais e normas técnicas como diretrizes à serem respeitadas para os entregáveis BIM mediante à decretos do governo.

Aqui cito algumas: CCR, VALE, SABESP, CPTM, TYPSA/Engecorps, CPE, SYSTRA.

Me chamou atenção a contribuição, participação e movimento de todo o setor em prol da evolução e implementação do BIM.


Desenvolvimentos internos de manuais não obrigatórios para licitações porém necessários para criação de processos como esforço para "fazer acontecer" o BIM foram feitos:

- Caso da CCR com OIR (Organization Information Requirement) que inclui fluxograma e EAP para critérios de medição de acordo com análises de cada fase de projeto (anteprojeto, projeto conceitual, executivo, etc.), além dos padrões como EIR (Exchange Information Requirement) – troca de extensões de acordo com cada disciplina (.pdf .dwg ou .NWD) e PIR (Project Information Requirement) que inclui entregas de objetos BIM por disciplina, tipos e níveis de informação necessárias.

Esse processo vem antes e está atrelado ao BEP e BIM Mandate que é o plano de execução em BIM e Orientação de BIM como guideline, documentos estes à serem seguidos pelas empresas.

Treinamentos para adaptação de praticamente todo o grupo foram realizados, sejam internos ou consultivos por terceiros contratados. (caso da CCR e Vale)


Muito foi discutido também sobre as entregas parciais em BIM dentro da perspectiva de propostas técnica/comercial das proponentes que concorrem às licitações.

Os pagamentos dos órgãos governamentais são parciais e amarrados à cada etapa de entrega de acordo com as fases do ciclo de vida, sendo esse considerado um fator importante e sendo assim tratado como peso para vencer a licitação.

As tecnologias de destaque mais abordadas pelo mercado como um todo são as seguintes:

AI GeoBIM – Inteligência artificial associada ao banco de dados históricos de geoprocessamento para tomadas de decisões em termos de intervenções em vias e infraestrutura urbana (ex. manutenção de condições asfálticas, segurança viária, de galerias pluviais ou sanitárias, elementos danificados de engenharia civil em geral etc). 

A fusão entre softwares e publicação na web faz com que todos os stakeholders participem da avaliação de alternativas, ou seja, não limitada somente a equipe técnica.

AI – Inteligência artificial incluída em ferramentas específicas de softwares para se encontrar a melhor solução a partir da sobreposição de informações analíticas (banco de dados) através de linguagem de programação embutida na operação, similar à metodologia CHATGPT onde você solicita e ele fornece a melhor resposta para uma questão específica.




AWP (Advanced Work Packing) aliado ao conceito LEAN (apresentado por Kleber da VALE) como metodologia de planejamento a integração entre diversos setores de engenharia dentro os quais:  projetos, construção e suprimentos.


Digital Twin– Topografia de alta precisão (imageamento de ortofotos e nuvem de pontos através de aerofotogrametria) por sistema a Laser - LIDAR. Aqui vale uma provocação que ainda temos um grande desafio no sentido de superar barreiras tecnológicas nos softwares de infraestrutura.

Usar servidores potentes, puxar mais operações em nuvem para recursos antigos como criação e processamento de triangulação para superfícies de MDT que foram desenvolvidos no passado em plataforma CAD já obsoleta?  

Ou porque não criar dispositivos dentro destes aparelhos que já forneceriam os arquivos .xyz  parcelados para não se perder tempo em edição e recorte de point cloud à cada X km ou X ha seja para extensão de rodovias ou subparques de obras eólicas, por exemplo?

Apesar disso, diversas alternativas como sobrevoos estão sendo cada vez mais aprimoradas para mapeamento de topografia devido à cobertura de grandes áreas, ganhando assim produtividade para produção dos dados e mitigação de tempo nos prazos solicitados às fornecedoras.

Existem também aparelhos específicos por controle manual em que você pode caminhar e ir extraindo os dados, sendo possível eliminar obstáculos para estudo de dimensionamento de galeria como carros nos pontos das bocas de lobo, tudo como complemento ou substituição do processo tradicional (levantamento convencional), não sendo necessário em muitos casos GCP Ground Control Points. 

Exemplos de apps em mobiles para medir paredes, portas, janelas, vãos, pilares, etc de layouts também foram mostrados (caso do aplicativo NUB criado por grupo Flug) com uso gratuíto (de acesso à recursos limitados) em Iphones Pró que possui erro (tolerável) para esta finalidade.

Não custa falar também das ortofotos que sempre serão indispensáveis para análise de estudos em geral sob o contexto fundiário e ambiental, seja este aplicado para edificação ou infraestrutura.


VR – A realidade virtual antes do projeto propriamente construído está sendo implementado seja nas universidades seja nas organizações também como suporte para segurança do trabalho para que o profissional tenha noção espacial do layout como protótipo, evitando colisões e acidentes em geral, fazendo encaixe de parafusos ou ajuste de ângulo para solda de barras de metais, tudo através dos óculos de simulação digital.

Project Wise e Autodesk Construction Cloud (Docs) – Soluções que estão avançadas no mercado no que diz respeito à repositório, armazenamento, troca de arquivos e informações entre diferentes disciplinas, incluindo engenharia de projeto e campo, permitindo fazer comentários e indicações de fotos para reparação de elementos de obra cujo quais possuem localização geoespacial exata, situação esta atrelada à verificação e validação de projetos para operação e manutenção.


Vi em algumas palestras a utilização do PowerBI para apresentação de índices de capex bem como andamento/evolução de obra em comparação com planejado durante a fase de projeto.

A parte ferramental das empresas mencionadas parece estar bem consolidada no que diz respeito ao  fluxograma de softwares de infraestrutura para execução detalhada de projetos, permeando as fases do ciclo de vida do mesmo. (Autodesk Civil 3D, Infraworks, Revit, Plant 3D, etc) apoiado aos add-ons (SSA, SAC, Dynamo).

Aqui vale uma provocação: será que se as equipes estão organizadas e integradas no sentido de cada um fazer o seu escopo ou apenas um ou poucos profissionais (sobrecarregado) faz tudo, que é aquele que geralmente tem mais expertise em modelação e teoria nos projetos.

Será que você como empresa já está adaptado à esta forma de trabalhar ?





Se discutiu também sobre a documentação em 2D (plantas, perfis e seções) ainda estarem presentes na obra para execução e locação, sendo que estas são derivadas do modelo e dinâmicas pois estão associadas ao mesmo.

No meu ponto de vista o mercado ainda carece de uma melhoria da metodologia BIM para a construção no campo propriamente dito. Entendo que tais documentos podem ser usados porém com o modelo sendo prioritário para resolver dúvidas não sanadas nas folhas que hipoteticamente tenham passado desapercebido.

Então neste sentido penso que o mercado como um todo precisará desta transição para adoção do BIM em campo. Vale lembrar que muito disso pode ser resolvido com notas de serviço produzidos em softwares de infraestrutura que pode ser carregado em equipamentos de topografia como RTK/Estação Total.

O BIM 4D parece estar bem consolidado também, seja em soluções como SOLIBRI/outros e Navisworks (com cronograma planejado e clash detection) abraçando o handover para operação e manutenção como comunicação digital eficiente entre as partes.

Open BIM como canal aberto e democrático para interoperabilidade entre formatos e extensões de origem das diversas fabricantes de softwares, encabeçado por BuildingSmart. Incluindo também atualizações do IFC para facilitar a compatibilização entre softwares de infraestrutura e de visualização/verificação.

Engenharia Digital – É um copilado de tudo o que foi falado acima, sendo que a terminologia BIM já é uma realidade consolidada no mercado em termos de metodologia/tecnologia.

I = Informação

I = Inteligência

I = Integração

Dos modelos e processos para tecnologia e pessoas. E muita gente já está fazendo quantificação, orçamentação, gestão de ativos com esta letra ("I") bem como definindo códigos para cada parcela dos ativos, conseguindo assim uma melhor coordenação e consistência dos patrimônios de seu empreendimento e assim reduzindo inconsistências.

Para este assunto, também é bastante comentado sobre o PSet para Infraestrutura.


Aqui vale falar do case da SABESP em que se obteve uma concentração coordenada de informações no modelo federado para viabilizar conexão/instalação para saída de diferentes concepções redes (exemplo água potável / drenagem pluvial) , cumprindo assim o roteiro BIM e fazendo uso da padronização de templates e bibliotecas customizadas.

Digitização e CDE - Gestão de dados , coleta e descarte das informação ao longo do ciclo de vida útil do empreendimento, de acordo com ABNT. 

Isso foi o que eu consegui trazer de resumo do que eu consegui acompanhar estes dias.

Além disso, reencontrei amigos do mundo BIM que não via há tempos, além de conhecer novos, e isso foi sem dúvidas o mais especial.

Termino dizendo que "investir em conhecimento rende sempre os melhores juros" (Benjamin Franklin)

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